2 de janeiro de 2008

Excerto [a criança que não queria falar]

- Achas que vai parar um dia?
- Sim, acho que sim, um dia...
A menina suspirou, levantou-se e afastou-se...
-Um dia nunca chegará, pois não?
Chegará, todos os dias do fim acabam por chegar. Todos os dias chega mais um fim, e alguns tao insignificantes. Não, não me condenes... Por este fim.
Condena-me antes por todos os começos. Condeno-me antes por todos os começos. Não pelos fins, inevitaveis. Sabendo disso, deveria superar-me, mas não... porque não? Pela esperança que o dia do fim se distancie tanto de hoje que valerá a pena? Não, eu deveria ter aprendido, (se é que já não aprendi e apenas finjo...), mas aprender é algo... Hum, um tanto ou quanto relativo. É mais uma questão (como muitas outras) de conveniencia. Não me posso precipitar, (não te precipites! siliba a minha consciencia), mas ainda assim, precipito. Mesmo tendo antes aprendido que não devo. De que me serviu aprender então? Secalhar serve-me tanto (agora) como me serviu aprender que o Rei D. Nao-sei-quantos-primeiro,segundo ou terceiro foi alvo de um atentado à mão armada que pôs termo à sua vida, e ao seu reinado (claro) mas também à sua sucessão já que o filho mais velho foi morto já não sei bem como e o mais novo exilado para também não sei onde. E de que me serviu aprender isso? Para dar valor aos coletes anti bala? Ou para dar valor aos nossos monarcas corajosos que se esvaem em sangue, com uma bala no tronco enquanto eu ainda andava pelos anjinhos muito longe de existir?
Enfim, Vida...

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